O Caminho Estreito para o Longínquo Norte - Matsuo Bashō
O Caminho Estreito para o Longínquo Norte - Matsuo Bashō
«Passei o último inverno percorrendo a costa. No outono regressei à minha cabana nas margens do rio. Mal tivera tempo de limpar teias de aranha quando me surpreendeu o fim do ano. Em breve, a névoa da primavera cobriria o céu e os campos, e eu queria atravessar Shirakawa nessa altura. Tudo o que via me convidava a viajar. Tão possuído estava pelos deuses que não conseguia dominar os meus pensamentos. Os espíritos do caminho faziam-me sinais, e dei-me conta que não podia adiar por mais tempo a minha partida.
Remendei as minhas calças rotas, mudei as tiras do meu chapéu de palha e untei as minhas pernas para as fortalecer. A ideia da lua na ilha de Matsushima enchia as minhas horas. Cedi a minha cabana e fui para casa de Sampu. Num dos pilares deixei este poema:
Também esta cabana de colmo
se há-de transformar
em casa de bonecas.»
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