Antes Que Me Lembre - Vários

Antes Que Me Lembre - Vários

15,00 €

Os quatro artistas cujo trabalho aqui é mostrado são pintores, pois é a pintura que, antes de tudo o resto, os abandonou e eles abandonam. Chamados a transformar esse abandono em produtiva separação — condição de ascese e exercício — perseguem o ser-em-fuga, cientes de que nada sobra, intacto ou «puro», para agarrar. Daí os heterogéneos compósitos, registando o que, simultaneamente afastado e vizinho, retido e descartado, se redistribui segundo a nova proximidade do arcaísmo, que «em nenhum outro ponto pulsa com mais força do que no presente». Chamaremos desenho (que outro nome dar-lhe?) ao mecanismo responsável por este registo: uma mão «ideal» funda o espaço lógico onde a oposição entre afirmação e negação se desactiva e propicia o «encontro secreto (…) entre o arcaico e o presente». Mão inexistente, visto que o seu toque é o «ideal do tocar», onde «o que toca não está separado do que é tocado senão por uma inexistência (…)».
Não podendo ser feita, a impossível pintura não pode senão ser tocada (João Miguéis), ela própria tocando e sendo tocada pela escultura (Manuel Caldeira), ou ambas pela Cerâmica (Marcelo Costa), ou antes e ainda pela Ilustração (Jorge Nesbitt). Imitando a vida que imita a arte que imita a pintura, o desenho revolve o chão do mesmo, ligando os tempos que nele se ocultam, que nele se exaltam. De olhos postos na sombra, no assombro, na assombração.

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