Trabalhos da Devesa - Edgar Massul
Trabalhos da Devesa - Edgar Massul
Marcel Duchamp: «Ao fim e ao cabo, o acto criativo não é desempenhado apenas pelo artista; o espectador põe a obra em contacto com o mundo exterior ao decifrar e interpretar as suas qualidades internas, acrescentando, assim, a sua contribuição ao acto criativo. Isto torna-se ainda mais óbvio quando a posteridade estabelece o seu veredicto final e, por vezes, reabilita artistas esquecidos.»
Projecto desenvolvido para o Germinal 2019 do Cão Danado no Parque da Devesa em Vila Nova de Famalicão.
Em relação a essas questões da arte pública lamento, mas não me preocupam; se o evento estivesse a ser pensado para o centro urbano a minha resposta seria similar.
Entendo estas intervenções como site-specific art temporárias, onde os processos e as experiências estão defendidos por si, sobretudo pela natureza efémera das matérias usadas. De uma forma geral, os meus trabalhos usam quasesempreelementos da natureza, tenho muito interesse no imperfeito, impermanente e incompleto que uma floresta nos oferece, por exemplo.
Nas caminhadas que faço pelas serras encontro com regularidade soluções para determinados trabalhos, um tronco ou uma pedra, uma linha de água, etc.
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Gosto destefluxo que aparece como natureza e depoisétransformado e nos reaparece como arte e é devolvido novamente à natureza…
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Em alguns dos meus trabalhos, é preciso que as matérias envelheçam, ou seja, admitir quetêm uma vida própria, sobretudo seficarem no exterior ou em contacto com diferentes temperaturas, humidades,etc. Porexemplo, eu já tive objectos que deixei, durante dois ou três anos, num rio. Depois fui buscá-los, portanto temos uma alteração do objecto inicial, uma adulteração da matéria, percebes? Há todas essas coisas que me interessam.
[Edgar Massul]