A Escrita Dissidente, Autobiografia de Ruben A. - Dália Dias

A Escrita Dissidente, Autobiografia de Ruben A. - Dália Dias

19,00 €

A escrita é, quer se queira admitir ou não, autobiográfica. Cada escritor lida com essa realidade diversamente, com maior ou menor mestria, maior ou menor talento. Ruben A. não é, de nenhuma forma, um dissidente, admitindo como poucos o autobiografismo da sua obra. Este ensaio filosófico ocupa-se dos nove volumes de O Mundo à Minha Procura e da série Páginas.
Questões como a da modalidade de assinaturas, proposta por Derrida - a assinatura está próxima da autografia do nome do autor, pode ser reconhecida como estilo (idioma) deste, assina-se quando o texto se assinala - ou a metáfora da inspiração, são aqui expostas enquanto se percorre o processo de escrever: «no acto da escrita está inelutavelmente presente a perda do acontecimento, a fuga do instante, do agora da sua própria criação». Em suma, o nascimento do escritor em cada epígrafe, quando assenta a pena no papel e diverge.

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Uma das dimensões que o presente livro se empenha em perceber através de uma vasta investigação é a que diz respeito à relação entre a escrita de Ruben A. e certos desígnios de movimentos modernistas, que, embora cronologicamente a tenham precedido bastante, lhe não são estranhos. Pertinentes a vários títulos, as suas observações vêm ainda contribuir para iluminar o que na obra daquele autor, a uma leitura menos conhecedora poderia aparecer como jogo sem consequências. Com efeito, a desconstrução a que o autor em questão procede, por via critica, irónica e lúdica, do que na narrativa corresponde à consolidação de funções ideologicamente predefinidas e, através dela, a denúncia de uma sociedade que caminha para um ideal de absoluto condicionamento dos indivíduos, entende-se melhor se nela virmos a partilha de uma concepção da literatura como «pura prática da existência», tal como foi proposto por autores modernistas para quem era essencial secularizar a arte, isto é, aproximá-la da mutabilidade das sensações e do jogo da vida, fazê-la ser-no-mundo enquanto multiplicidade em permanente dissidência. 
(Silvina Rodrigues Lopes)

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