O tema da memória é recorrente na reflexão contemporânea sobre a experiência estética. Mais do que um ímpeto revivalista, uma revalorização do antigo, uma hipervalorização do presente (e do seu arquivamento), um distanciamento histórico ou uma nostalgia crónica na era do desencantamento pós-moderno, a atual influência das reflexões sobre a memória nos rumos do cinema e das artes visuais sugere, acima de tudo, uma cumplicidade profunda - porventura incontornável - entre as noções de temporalidade e de experiência estética.

A dimensão temporal (e o movimento que lhe corresponde) é reivindicada como ingrediente essencial para um realismo integral da arte e, nesse sentido, pode contribuir para um efeito de autenticidade estética. Mas a temporalidade influi na expressão artística de formas diversas: aqui se inscreve a dialética da vida e da morte, do imediato e do diferido, do atual e do virtual, da presença e da não-presença.

As várias contribuições reunidas neste livro pretendem estimular e intensificar o debate sobre o papel da memória nas poéticas e políticas da arte cinematográfica e do meio audiovisual.