Beleza Tocada - José Emílio-Nelson
Beleza Tocada - José Emílio-Nelson
A presente reunião da obra poética de JOSÉ EMÍLIO-NELSON (Espinho, 1948), entre 1979 e 2015, sob o nome de BELEZA TOCADA, afirma-se como um caleidoscópio que desvela e destrói a ideia de Beleza em imagens contagiantes de sexualidade extrema, em combinações que ‘tocam’ a invenção linguística, instintivamente elíptica, cínica, condensada, em figurações indecorosas, em decomposição, em escatologica, que conjuga a aura de transcendência e os chispes excrementais. Nesta obra demolidora e deformante (devedora, entre outras linhagens interditas, à folia de Rabelais, à barroca poesia quevedesca, ao mundo imundo de Sade, à licenciosidade de Santa Teresa de Ávila, ao anticlericalismo de Buñuel, à indisciplina formal de Malher, e a Mantegna, social e poético, além das pinturas negras de Goya), a par dos raros poemas morais (da vanidade do humano, da passagem do tempo), predominam os poemas burlescos e satíricos, virulentos e amargos, e, em livro inédito, intitulado O AMOR REPUGNANTE, encontramos ainda poemas de amor e engano no sentido perturbador dos romances de Philip Roth. E outras zombarias sobre a majestade da melancolia e o enigma de a escrever.