A Morte de Empédocles - Friedrich Hölderlin

A Morte de Empédocles - Friedrich Hölderlin

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"A vida e a obra de Hölderlin (1770-1843) confundem-se e fundem-se numa unidade totalizadora: a Poesia. Destinado à carreira eclesiástica por uma mãe dominadora, depressa se apercebe de que o seu caminho é o da criação pela palavra poética, a que prende todo o seu pensar, sentir e agir. (...)
A partir de 1802, ano em que morre a sua Diotima - Susette Gontard, esposa do banqueiro de Frankfurt, em casa de quem desempenhou funções de precetor desde 1796 até 1798 - passa a sofrer de perturbações psíquicas que se vão agravando com o tempo. Surge então a mitificação do "poeta louco", mais alvo de curiosidade do que de respeito, e muitos dos seus manuscritos são destruídos por conhecidos e amigos que procuram reunir e editar a sua obra poética e acham que tudo o que foi escrito a partir daquela data é apenas fruto de um estado psíquico alterado. Na Torre de Tübingen, junto ao rio Nécar, onde através da sua janela o poeta vê as águas, os cisnes, os campos até às montanhas do Alb suábio, Hölderlin vive ainda de 1807 a 1843, ano em que morre, a 7 de junho. O marceneiro Zimmer, dono da casa, que aceitou tomá-lo aos seus cuidados - em boa parte porque admirava o autor de "Hipérion", que lera com entusiasmo - depois da clínica Autenrieth o dar por incurável e com poucos meses de vida, veio a proporcionar-lhe, com a sua família, o ambiente de afeto e convívio de que o poeta carecera quase toda a sua vida. Neste último período, a produção poética cai numa maior rigidez formal, mas não perde o seu alcance lírico nem os seus ideais de humanismo helénico.
A grande revolução da poesia de Hölderlin ficou bem patente nos "Hinos Tardios" que apenas vêm a ser descobertos e editados em 1914 pelo escritor ligado ao Círculo George, Norbert von Hellingrath, que a breve trecho veio a morrer, durante a Primeira Grande Guerra. Em 1914, quando Rainer Maria Rilke lê, deslumbrado, tanto o volume dos "Hinos Tardios", como o "Hipérion", encontra em Hölderlin um novo modelo exemplar para a sua obra poética, sobretudo para as "Elegias de Duíno" e "Sonetos a Orfeu" que de algum modo ecoam a audácia sintática, rítmica e imagética dessas obras, lidas nesse ano. Depois de Rilke, toda uma plêiade de poetas tem assumido a herança de Hölderlin, nas mais variadas línguas e culturas. A unidade matricial da poesia hölderliniana, pela sua universalidade e pela sua essência fundamentalmente humana e intrinsecamente inovadora é captada nos mais diversos ângulos e temáticas, demonstrando a inesgotabilidade do autor e o carácter fundacional da sua obra."
Maria Teresa Dias Furtado, in "A Phala", nº 57

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