«CVII — Muitos disparates se dizem em companhia por vontade de falar. Porém, o jovem que tem alguma estima por si, quando a princípio entra no mundo, facilmente erra de outra forma: é que, para falar, espera que lhe ocorram coisas de beleza ou importância extraordinárias para dizer. Assim, enquanto espera, acontece que nunca chega a falar. A conversa mais sensata do mundo, bem como a mais espirituosa, é na sua maior parte composta por palavreado frívolo e repisado, que, em todo o caso, se adequa ao desígnio de passar o tempo falando. E é necessário que cada um se resolva a dizer coisas o mais das vezes comuns, para só algumas vezes dizer as que não são comuns.»

edição bilingue, tradução e notas de Andrea Ragusa e Ana Cláudia Santos

com um ensaio final de Rolando Damiani
capa a partir de um desenho original de Miguel Ferreira
paginação e arranjo gráfico de Rui Miguel Ribeiro