Poesia - Eugenio Montale
Poesia - Eugenio Montale
Montale, juntamente com Ungaretti e Quasimodo tem sido com frequência visto como um representante da chamada poesia hermética, paisagem poética dos anos que ligam as duas grandes guerras, e que teve o seu período mais intenso nos anos 30 e 40.
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A poesia de Montale é uma poesia filosófica, no sentido em que o são também a de Pessoa ou de Eliot. Nela perpassa uma branda indisposição existencial, na tradição de certa poesia do fim do século XIX, mas o que se contem nos A linguagem de Montale é ao mesmo tempo rigorosa e fluida, utilizando com frequência a palavra rara, com matizes fim de século, que curiosamente não tem grande expressão na poesia italiana, e que o poeta parece ter ido buscar às suas leituras da poesia francesa simbolista e pós-simbolista. Este inusitado derramamento vocabular só numa primeira aparência é preciosista. De facto, cr! eio que ele deve ser entendido antes como expressão da inquieta busca humana dos sentidos possíveis.
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Poeta do essencial, as suas palavras, mesmo quando parecem meros caprichos formais e se nos apresentam como «espiraladas espumas» pelo seu polimento, pela sua secura de carnes, tal como os ossos de choco atirados pela força incontida do mar ao deserto das areias, fixam-se nas cordas trepidantes da condição humana, e aí vibram, numa espécie de canto sirénico que quer atravessar os infinitos.
(excertos da apresentação)