Lorenzaccio - Alfred de Musset
Lorenzaccio - Alfred de Musset
Lorenzaccio (1834) projecta-se contra o pano de fundo de dois passados: o da decadência política e social da Florença do século XVI, “afundada em vinho e em sangue”, e o das perturbações provocadas pela Revolução de Julho de 1830, que instala na França revolucionária o liberalismo e a desigualdade política. Obra-prima do Romantismo francês, é a peça mais ambiciosa de Musset sobre o poder, os seus bastidores e a sua (i)legitimidade. Um retrato em movimento de revoluções falhadas, suspensas, por cumprir. Do interior destas convulsões emerge Lorenzo de Médici, depreciativamente chamado “Lorenzaccio”. Uma personagem “escorregadia como uma enguia”, a um tempo cínica e idealista, “objecto de vergonha e de infâmia”, duplo de Brutus e émulo de Hamlet, de quem herda a eloquência, a melancolia, a indecisão. “Acordei dos meus sonhos, nada mais; digo-te apenas que é perigoso sonhar.”