Cordão - Ana Freitas Reis
Cordão - Ana Freitas Reis
Para Ana Freitas Reis, neste seu livro inaugural, “o acto de nascer encena um acontecimento inacabado”, sendo portanto “todo o começo um recomeço”. A fundamental paisagem, “espaço à fatalidade da condição recém-nascida”, estende-se a partir da dolorosa viagem do corpo que a há-de desenhar. Estas páginas recolhem inquietações e pulsões, ao ritmo de múltiplas respirações, na absoluta disponibilidade para o silêncio. Portanto, livro-ponto-de-escuta, livro-caminho, no qual os encontros, mais do que forma onde encaixar, suscitam deformação, o desdobramento dos percursos. A aguda consciência deste processo, feito através de palavra sempre renovada, revela um Cordão que nenhum dicionário conseguirá definir para além da “série ininterrupta de coisas ou pessoas”, porque nos faz falantes de novo dialecto, aquele praticado por quem dá vida. A poesia de Ana Freitas Reis move-se por território em expansão de modo a acolher o mundo e o outro que o habita. Não será isso a criação? No obscuro de caminho imprevisto, cada verso vai tateando os obstáculos. E as alegrias.
Biografia da autora
Ana Freitas Reis (Lisboa, 1981) Vive na cidade em que nasceu com quatro filhas. Licenciada em Psicologia, desenvolve e coordena projetos de Psicologia e Teatro. Há cinco anos que escreve semanalmente poesia para o programa de rádio Em transe, na rádio SuperBock SuperRock. Tem uma rubrica quinzenal de poesia à sexta-feira na Revista Intro. Publicou em diversas revistas como Egoísta, Caliban, Capivara, entre outras. É coautora e cocoordenadora do projeto de residências artísticas ESPALDAR.