Contos De Morte - Pepetela
Contos De Morte - Pepetela
São alguns contos que percorrem muitos anos e talvez maneiras diferentes de olhar o mundo. O primeiro e mais antigo, "A Revelação", situa-se no iniciar da luta pela libertação de Angola, quando os motivos eram fortemente raciais e menos políticos, em primeiro lugar, e perfilava-se a descoberta de outra maneira de apreciar o que parecia acontecer. Também o autor era jovem e aprendia.
Outros contos são mais recentes, embora alguns tentem evocar ambientes antigos, de eras passadas, como "Estranhos Pássaros", conto para servir de introdução ao canto V de "Os Lusíadas", a pedido da revista Expresso, ou mesmo "Mandioca de Feitiço", numa homenagem a Miguel Torga para a Câmara de Sintra ou "Caixão do Molhado", escrito para uma antologia de Porto, Capital Europeia da Cultura, em que se rememora a época colonial e a posterior. "O nosso País é bué" retrata claramente um ambiente pós-colonial e os mitos criados por nós próprios, muitas vezes independentemente da nossa vontade.
De facto, mais de quarenta anos separam o mais antigo do mais moderno. Talvez haja pontos comuns na maneira de ver o mundo, embora o autor tenha forçosamente mudado. Mas pode ser que as realidades focadas não sejam afinal tão diferentes assim, ou pelo menos haja alguns fios de ligação.
O Mundo, esse, continua a andar à roda e a confundir todos.