A Dança da Morte - August Strindberg
A Dança da Morte - August Strindberg
Uma peça sobre o casamento burguês, de afirmação emergente de um espaço de poder do feminino numa época ainda patriarcal. Que nos fala, portanto, de relações de força, revelando a vida íntima de um casal, as suas desavenças recíprocas, quando este, perto das bodas de prata e em plena crise de sentido, chega a uma fase de introspecção retrospectiva e análise dos papéis e comportamentos de cada um na biografia comum, dos momentos marcantes dessa vida, num balanço infernal e violento, sem lugar a compaixão.
Um texto sobre a monstruosidade de relações engendradas ao longo de 25 anos de vida em comum, relações que tocam a pulsão homicida, a violência sexista, a própria traição.
Um texto sobre o combate de sexos.
Uma peça que nos fala da morte, do fantasma presente da morte na vida quotidiana de Edgar e Alice.
Uma peça sobre o individualismo, mas também sobre a criatura dual, o casal, quando este se comporta de modo uno, indissociado, mesmo que essa cristalização seja potencialmente explosiva.
Uma peça sobre a instrumentalização, sobre o uso instrumental de terceiros, sobre a manipulação e sedução psíquica e sexual.
Um psicodrama pelo modo como fazendo um impiedoso balanço biográfico, pleno de acusações entre ambos, termina condenando o casal a um inferno relacional que apenas a morte pode libertar.
Uma peça sobre a vida numa morte aparente, sobre a cristalização de uma relação previsível nas reacções entre ambos, sobre a auto-exclusão social, sobre o isolamento social, sobre as falsas aparências, sobre a miséria dourada, a fome, sobre a vida enquanto “pequeno inferno”, a casa.