O Rei Lear - William Shakespeare
O Rei Lear - William Shakespeare
Considerada por vários críticos a obra-prima de William Shakespeare, “O Rei Lear” retrata a natureza humana nas suas mais diversas vertentes: as virtudes, o amor, a fidelidade, a lucidez, o dever, a generosidade, encarnados por algumas das suas personagens, caminham lado a lado com os piores vícios, o ódio, a traição, a loucura (natural e fingida), a mentira e a crueldade, encarnados por outras. As histórias paralelas, e com muito de comum entre si, a de Lear e as suas três filhas e a de Gloucester e os seus dois filhos, desenrolam-se de mão dada e entrecruzam-se, num adensar contínuo do ambiente de tragédia. Os poucos e breves momentos da peça em que o leitor/espectador pode acalentar a esperança de assistir à inversão desse ambiente constrangedor são logo contrariados por ocorrências trágicas que servem apenas para aumentar a sensação de desconforto de quem a elas assiste.
Os erros cometidos impensadamente, quer por Lear, quer por Gloucester, acabam por ser reconhecidos pelos próprios, o que leva o leitor/espectador a pensar na redenção. Mas a tragédia, no seu avanço inexorável, não pode ser travada, e tais erros são reconhecidos tarde de mais. De tal forma que só a morte se apresenta como solução para as situações criadas, sendo dela vítimas, tanto as personagens justas como as viciosas, a ela escapando apenas uns poucos cuja missão parece ser a de lembrar à posteridade aquilo que testemunharam.
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