A Espuma dos Dias - Boris Vian
A Espuma dos Dias - Boris Vian
«Chamaram-lhe, alguns, a obra-prima do autor. E num prefácio que andou durante muito tempo colado ao seu Arranca-corações, Raymond Queneau não hesitava perante um rótulo hierarquizante e audacioso: “o mais pungente dos romances de amor contemporâneos”. Nos anos sessenta, A Espuma dos Dias circulou com estas difíceis responsabilidades.
Enfrentou-as mostrando a singularidade de um universo ainda não conhecido com tanto talento na literatura; que se comprazia a impor aos homens e aos objectos leis novas, interdependentes. De facto, os objectos que lá existiam tinham um comportamento emotivo e implacavelmente ligado aos estados de alma de quem os utilizava. O que já antes parecia sugerido por Edgar Allan Poe em A Queda da Casa Usher, assumia ali uma evidência despudorada que corria em dois sentidos, de sol e sombra, e nos informava muito mais sobre o interior das personagens do que qualquer alusão directa que o texto chegasse a fazer.»
[Da Apresentação de Aníbal Fernandes]